Acredito que pelo medo de perder as pessoas, às vezes tomo uma pré-concepção do que está acontecendo, e pode ser que muitas vezes, são apenas fruto da minha imaginação fértil. O medo de perder pessoas que gosto, principalmente amigos, para mim, é uma das dores mais insuportáveis, mais duras, as mais sangrentas, onde o coração arde, dói, finge, e tenta aparentar estar bem. Talvez meu ponto fraco seja esse, talvez o perder para mim, é o mais difícil, por isso acho que não aceito um fim para nada, nem para as coisas que eu coloco um fim.
Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja. Clarice Lispector
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