Se eu sussurrar, escuta. Se eu balançar, segura. Se eu gaguejar, me entende. Se eu duvidar, me jura. Se eu for só tua, me tenha. Se eu me mostrar, me veja. Se eu te amar, me sente. Se eu te tocar, se assanha. Se eu te olhar, sorria. Se eu te perder, me ganha. Se eu te pedir, me dá. Se eu chorar, me anima.
Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja. Clarice Lispector
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